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Candomblé Sustentável

  • Foto do escritor: Filhos do Candomblé
    Filhos do Candomblé
  • 25 de mar. de 2019
  • 3 min de leitura

Estamos de volta com mais um debate importante para o povo de santo poder refletir: o Candomblé Sustentável. Mas calma lá, antes de começarem os julgamentos de invencionismo e marmotagem vamos refletir mais a fundo sobre a nossa religião. O candomblé é um culto fundamentado primordialmente nos elementos da natureza. As divindades são relacionadas à diversos fenômenos naturais e é do conhecimento de todos que a natureza é a casa deles. Então, seguindo essa lógica, por que nós poluímos tanto o meio ambiente a fim de agradá-los? Por que nós não conseguimos ter a consciência de que ao continuar poluindo nossas matas, rios, ruas e mares nós estamos contribuindo para a extinção de sua força vital?



Segundo os dados da ONU – Organização das Nações Unidas - a humanidade produz mais de 2 bilhões de toneladas de lixo por ano e a estimativa é de que esse número aumente em até 70% nos próximos 11 anos. Essa quantidade absurda não pode passar despercebida e tão pouco ignorada por nós. Então por que não podemos pensar na utilização de matérias biodegradáveis? Por que não usar o que a própria natureza nos oferece? E além do mais, nossa conscientização não deve se ater apenas as nossas vidas pessoais, devemos levar esses ensinamentos para dentro de nossos barracões também.

Coleta seletiva, descarte apropriado, reciclagem, educação e informação são os pontos principais para que possamos abrir esse debate fundamental. A seguir começarei a listar algumas soluções práticas para que ao fazer algum ebó ou oferecer alguma comida para as nossas divindades nós também possamos preservar a mãe natureza.


Agrados com barro, louça, vidro, plástico ou madeira:

Normalmente esses produtos são utilizados como pratos ou copos para que possamos colocar a comida e a bebida oferecidas, mas você já parou para pensar no tempo em que esses materiais demoram para se decompor?


- Barro e louça: tempo indeterminado. Há registros de louças que são do ano 3.000 a.C. Muito tempo, não?

- Vidro: 4.000 anos

- Plástico: 450 anos

- Madeira: 14 anos


É de assustar o tempo em que esses objetos podem viver na natureza. Mas como nossa intenção não é descaracterizar o culto, vamos pensar no que podemos fazer para substituir esses materiais. Ao fazer um agrado na rua, na mata ou na praia podemos optar por utilizar folhas para substituir o alguidar e a louça. Ao invés de deixar uma garrafa de bebida porque não derramar o líquido diretamente no solo e depois fazer o descarte correto daquele material?

Ao invés de oferecer um barquinho de madeira para Iemanjá repleto de pentes e espelhos de plástico, vidros de perfume e champanhe porque não colocar apenas flores no mar? As plantas não alteram o ecossistema marinho, não fazem mal se forem ingeridas por algum animal e não machucam o banhista. A mesma coisa podemos dizer ao presente de Oxum nas águas doces. E também é importante ressaltar que devemos recolher todo o lixo deixado ao fazer festas ou agrados em locais que são fora de nossos barracões.


Arte: Simanca

Nylon e cigarro

Com certeza você que está lendo esse texto já ofereceu um cigarro pra Exu na encruzilhada ou despachou aquele fio de conta que nunca mais usou na praia ou na mata. Quem nunca, não é mesmo? Mas vocês sabiam que o filtro do cigarro demora por volta de 5 anos para se decompor e o nylon utilizados nos fios de conta demora mais de 30 anos? Pois é, irmãos, até mesmo as pequenas coisas que fazemos podem prejudicar o meio ambiente.


Alimentos e folhas

Vocês devem estar se perguntando agora: “Ué, então eu não vou mais poder oferecer comida para as entidades?”. E eu respondo à vocês: claro que pode! Alimentos, folhas e ervas funcionam como adubo ou demoram apenas 3 meses para se decomporem na natureza, então não tem o menor problema em utilizá-los em suas oferendas.


O intuito desse texto é conscientizar toda a comunidade candomblecista e umbandista para que ao louvar as nossas divindades nós não acabemos destruindo a sua casa. Nós temos a obrigação de preservar e cuidar da natureza para que desta forma os Orixás, Voduns, Nkisis e entidades possam receber seus agrados de maneira completa e harmoniosa. Assim como os Orixás, nós podemos pensar que a natureza também possui suas quizilas e ewós e sendo assim nós só podemos oferecer a ela aquilo que ela pode comer. Sabemos que a desconstrução é continua e ninguém é 100% perfeito, mas se nós formos mudando nossos hábitos aos poucos e tendo consciência de nossos atos, o mundo será um lugar mais agradável de viver, naturalmente e socialmente falando.


Com Axé,

Filhos do Candomblé.

 
 
 

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